Esclarecimentos iniciais:
O texto ficou um tanto grande, então resolvi dividi-lo em dois. Se se interessarem pela primeira parte, leiam a continuação para saber o desfecho desta história ^^
O texto ficou um tanto grande, então resolvi dividi-lo em dois. Se se interessarem pela primeira parte, leiam a continuação para saber o desfecho desta história ^^
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Andava por um estreito e longo corredor, escuro e gélido. Suas paredes, feitas de blocos de pedra, deixavam-no mais úmido e assustador. Não fazia ideia de como havia chego ali; as únicas lembranças eram de estar correndo, como quem corre para salvar sua vida, e dos gritos estridentes pedindo por socorro. Isso já explicava o por quê de estar sem fôlego.
Calafrios percorreram seu corpo quando avistou uma luz fraca que vinha do fim do corredor. Algo lhe dizia que aquela não era a luz da saída. O pesadelo não estava nem perto de acabar. A medida que se aproximava da grande porta de madeira, começava a distinguir os diferentes sons de dentro da sala: blocos de pedra sendo arrastados? E vozes talvez... Pelo eco que fazia, parecia ser um grande salão.
Parou na porta e observou. Aquilo era o sonho mais bizarro que já tivera. Deu dois passos a frente, todos se viraram em sua direção. Não podia acreditar no que estava vendo! Aquilo eram realmente peças de um jogo de xadrez?! Alguém só podia estar brincando. Enormes e majestosas peças de mármore em cima de um tabuleiro. Comentários começaram a surgir enquanto a garota ficava cada vez mais pasma. Apesar do surrealismo, o ambiente era sombrio lá dentro.
Ainda estava em choque quando de repente tudo ficou em silêncio. Uma criatura sem rosto, com vestes prateadas e cabelos longos da mesma cor apareceu do outro lado do tabuleiro e trouxe consigo uma brisa gelada. Nada do que havia passado antes (as lembranças, os gritos, o corredor) era tão assustador quanto aquele ser.
Bastou apenas um gesto para que as peças brancas começassem a se posicionar no tabuleiro. Como era de se esperar, a criatura tomou o lugar da Rainha. Logo em seguida, como se por um reflexo, as peças pretas também se moveram. Natalie continuava estática perto da porta. Então o Rei preto dirigiu-se a ela num tom de obviedade:
- O que está esperando? Junte-se a nós!
A garota subiu no tabuleiro e ao passar pelo Rei ouviu o comando de que deveria tomar o lugar do Cavalo da Rainha. Mais do que depressa, a partida foi iniciada. O primeiro peão branco avançou e a tensão pairava no ar. Alguns movimentos passaram em vão. Jogadas preparando-se para atacar ou defender. Natalie ainda não conseguia se concentar no jogo, mantinha os olhos fixos em uma única peça. Sentia que sua tarefa era destrui-la. Não o Rei, mas, sim, a Rainha. Sua inimiga, sua adversária.
Um grande barulho tirou a sua atenção, mármore quebrando. Olhou para o lado e viu os restos de seu primeiro peão espalhados pelo tabuleiro. Fora completamente destruido. O jogo havia começado de verdade! Peças e mais peças foram caindo. Natalie estava cada vez mais ciente das ações do Rei. Começava a compreender cada jogada.
O temor atingiu seu corpo quando ouviu o comando mais inesperado: 'Cavalo da Rainha na D3'. Era seu primeiro movimento e o rei a colocara na linha de ataque da rainha? Toda sua coragem e determinação se foram como água escorrendo pelos dedos. Podia sentir a espada da Rainha destruindo sua montaria num piscar de olhos. O Cavalo saltou sobre o peão a sua frente e trotou calmamente para a nova posição. Natalie fechou os olhos. Ouviu a peça se arrastar e... Nada. Nada aconteceu com ela. Abriu então os olhos e viu a Rainha parada exatamente no mesmo lugar de antes. O jogo continuou.
TO BE CONTINUED
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